O jornal O Estado de São Paulo (16/11/08), recentemente chamou a atenção para o desenvolvimento da fé pelos jovens. O artigo, de Emilio Sant’Anna e Simone Iwasso, começa apresentando quatro jovens:
- Há seis anos, Valentim, de 20 anos, criado em família católica, é budista.
- São da mesma época os primeiros passos de Fany, de 27, no xamanismo e nos rituais do Santo Daime.
- Seu namorado, Gabriel, de 20, também segue as duas religiões, além de ser adepto do rastafarianismo - a mesma religião de Bob Marley (1945-1981).
- Wellington, de 21 anos, passou a freqüentar a igreja evangélica Bola de Neve há dois anos, após ser convencido por um vizinho.
Então os articulistas apontam para uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e do Instituto Polis, realizada em sete regiões metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). O comportamento de mais de 8 mil jovens diante de assuntos como religião e política foi analisado para se traçar um perfil dessa população.
"Nesse universo, a participação em grupos é vivida por 28,1%, a maior parte pertencentes às classes A e B. A religião é o principal motivo que os une (42,5%), seguida por atividades esportivas (32,5%) e artísticas (26,9%).
"A forma como os jovens vivem a religiosidade, no entanto, chama a atenção. 'Essa é uma geração que experimenta mais, entra e sai das religiões com facilidade', diz a antropóloga e pesquisadora do Ibase, Regina Novaes. 'Muitas vezes, a procura leva a uma mistura de crenças pois eles se sentem mais livres para procurar um lugar em que se sintam bem.'
A vivência familiar é uma das explicações para a flexibilidade da fé. 'Essa geração vem de famílias plurirreligiosas, o que é uma novidade', explica Regina.
"Uma pesquisa feita neste ano por um grupo conduzido pelo teólogo Jorge Cláudio Ribeiro, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com cerca de 1.500 universitários paulistas de 17 a 25 anos reflete a tendência dos jovens buscarem sua própria fé. O estudo mostrou que 20% dos entrevistados se declaram crentes sem religião. Ou seja, estavam ligados a práticas religiosas, sem serem filiados a nenhuma delas. 'É comum ouvir dizer que a juventude perdeu as crenças, mergulhou no niilismo, no consumismo e no individualismo e abandonou as práticas religiosas. No entanto, a pesquisa descobriu que, pelo contrário, o jovem cultiva intensa religiosidade, que se integra em sua vida', afirma o teólogo.
"Os dados encontrados pelo professor vão ao encontro dos últimos dados disponíveis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelo último censo, há três grandes mudanças em curso na religiosidade do brasileiro, e das quais os jovens até 24 anos fazem parte: queda no número de católicos, crescimento de evangélicos e aumento de pessoas que não se identificam com nenhuma religião tradicional."
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