Um Rio de Janeiro com 21 bairros, habitado por gregos, positivistas e acatólicos. O curioso mapa religioso da cidade, então com 515 mil moradores e registrado nas anotações do historiador Noronha Santos, estão no livro “As freguesias do Rio Antigo”. A obra, um dos achados da Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Menezes, na Vila da Penha, contém informações sobre o censo feito em 1890 — um ano após a proclamação da República no país.
Veja o mapa em detalhes
O levantamento mostra uma maioria católica de 493.522 adeptos (95,46%), seguida de longe pelos protestantes — expressão usada para designar os evangélicos — com 7.374 (1,42%). Realidade bem diferente da indicada no último censo feito em solo carioca, em 2000, quando católicos (apostólicos romanos) somaram 60,71% e evangélicos 17,65% entre os 5,8 milhões de moradores.
As demais religiões eram assim representadas nas 21 freguesias (bairros) que formavam a cidade: 168 islamitas; 373 positivistas; 358 sem culto; 7 de cultos diferentes; 69 acatólicos; 14.058 sem definição e 41 gregos. Isso mesmo, gregos.
— São os cristãos ortodoxos gregos. Acredito que foram assim divididos por causa do cisma com a igreja romana — explica Fernanda Lima, professora de português-grego da Uerj.
O historiador Milton Teixeira analisa a pesquisa:
— Anglicanos, luteranos e calvinistas devem estar incluídos entre os protestantes. Já os positivistas, que apoiavam a república, eram uma coisa do momento.
Sem judeus e cultos de origem africana
Feito dois anos depois do fim da escravidão, o censo não registra a presença de adeptos de cultos africanos. Nem dos judeus, que já tinham chegado ao Rio naquele período.
— Os judeus que estavam aqui eram de origem marroquina, falavam árabe e podem estar entre os islamitas. Os cultos de matriz africana não eram considerados religião e provavelmente estão entre os acatólicos — avalia o historiador Michel Gherman.
Criador da biblioteca e recém empossado correspondente da Academia Sergipana de Letras no Rio, Evando dos Santos é batista há mais de 20 anos e se relaciona bem com diferentes religiões. Em seu acervo, há bíblias em espanhol, alemão, grego, português e latim, além de revistas espítitas do século 19.
— As pessoas podem vir à vontade. A mim não me interessa a religiosidade de ninguém — explica Evando, que pode ser contatado pelo telefone 2481-5336 e pelo e-mail bibliotecatobiasbarreto@gmail.com.
Livro Histórico Mostra Mapa Religioso do Rio de 1890
quinta-feira, agosto 19, 2010
Postado por Pr. Marcelo Dias às 8:16 PM
Marcadores: estatística, história, rio de janeiro
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